BRUCUTÚ !!! QUAL É A PISTA ???

O tempo pode temperar um pouco mais os acontecimentos, mas é verdade....

O nosso querido 67-320, então Cadete Aviador Luiz Fernando, ou "três-vinte" ou "Brucutú" estava escalado para voar (duplo) no T-21.

Estava um calor infernal, passando dos 40º, lá no Lendário Campo dos Afonsos, o "três-vinte" após receber o brifim da missão, correu para fazer a inspeção externa, se "amarrar" e dar a partida no avião, tudo para esperar o instrutor com o avião pronto para o início da missão. Antes do início da missão, o "três vinte" já estava com o macacão todo ensopado de suor

Alguns minutos depois, ou uma eternidade depois, entra o instrutor, se amarra e o "três-vinte" pode então taxiar pela pista de grama, conforme o previsto, ou seja, em "S". Depois de algum tempo taxiando, já na cabeceira da pista, pára seu avião a 45º, esperando a luz verde da torre para decolar. Tudo certo para um vôo perfeito, com a missão na ponta da língua, num dia ensolarado de verão. O que um cadete poderia querer mais?

O instrutor, phuddêncio como ninguém, pede ao "três-vinte" para retornar a cabana onde éramos brifados, pois ele estava com muita sede.

Claro que o "três-vinte" não ia deixar o seu amado, perfumado e idolatrado instrutor sedento e faz novo táxi, em "S", até a cabana onde ficávamos para o brifim, debrifim e o vôo propriamente dito.

O instrutor se desamarra e vai, calmamente, beber um copo de refresco. Um calor da pega e o "três-vinte" amarrado, dentro do T-21, com o motor girando e sem nenhuma pressa - é claro, espera o instrutor, que retorna e se amarra. Finalmente, mais uma taxiada em "S". Um cadete nunca iria esquecer uma bobagem dessa de sempre taxiar em "S".

Ao chegar, novamente, na cabeceira da pista com o avião a 45º, o instrutor diz: Cadete Aviador Luiz Fernando, fui ingrato contigo, pois só eu bebi o refresco e está muito calor. Vamos retornar para você beber um pouco também. O "três-vinte" não se fez de rogado, retorna taxiando em "S" e bebe quase um balde de refresco.

Retorna ao avião, se amarra, taxia em "S" e, quando na cabeceira da pista, a 45º, o instrutor não consegue ficar calado e pergunta se não tem nada de errado. O "três-vinte", fica desesperado... O que poderia estar acontecendo de errado bem na hora sagrada do seu vôo? Checa os todos os instrumentos, combustível, tudo que é possível a um cadete checar e responde com um sonoro: NÃO SENHOR!

O instrutor pede para ele olhar os aviões pousando... Devido ao vento, a pista havia trocado e o "três-vinte" estava tentando decolar na pista onde os aviões estavam pousando...

Regressam para a cabana e o instrutor manda o "três-vinte" ir para a cabeceira da pista, ficar agachado, com a palma da mão na testa (para se proteger do sol e ver melhor) e todas as vezes que o instrutor perguntasse: Brucutú, qual é a pista? O "três-vinte" teria que responder gritando para que todos pudessem ouvir: ZERO OITO, MEU AMO!

Todos os instrutores e o cadetal também, estavam rolando na grama de tanto rir a cada pergunta e a cada resposta.

Tava lá o Brucutú, agachado, na cabeceira da pista, um calor de lascar no Campo dos Afonsos, o instrutor perguntando e o Brucutú respondendo: ZERO OITO, MEU AMO!

Passa um outro instrutor, com um cadete, após regresso da missão e manda o Brucutú mudar o "papo rádio" da resposta: Quando o instrutor perguntasse Brucutú, qual é a pista? a resposta deveria ser: MEU AMO, POR QUE O SENHOR NÃO VAI TOMAR NO #*&%$#@ ???

Bem, todos sabiam o que o Brucutú iria responder menos o instrutor....

O Brucutú ganhou um caminhão de estrelas (e deve estar pagando até hoje)

Espero que essa pequena lembrança tenha trazido de volta um pouco mais de saudades dos bons tempos de outrora.

Abraços do amigo,

Coré 67-149