VOO A VELA NA ACADEMIA DA FORÇA AÉREA


Eduardo Augusto Montenegro Duque - Cap Av
Instrutor de voo na AFA e Comandante da EVV
eduduque85@gmail.com
Colaboraram na elaboração deste artigo o Brig Ar Clovis de Athayde Bohrer, Comandante da Academia da Força Aérea à época da inauguração e dos primeiros anos de atividade do CVV da AFA; e o Ten Cel Av Luiz Alberto B. F. de Athayde Bohrer que, quando cadete, participou do início da atividade de Volovelismo na AFA, como instrutor de voo.



O INÍCIO DO VOLOVELISMO NA AFA

O MONOPLANADOR FOURNIER RF5

A fase embrionária do voo a vela na Academia da Força Aérea teve início no final do segundo semestre de 1972. O Presidente da Sociedade Acadêmica do Corpo de Cadetes, Cad do 4º ano Sérgio Petrauskas, ao saber que o Adido Aeronáutico da Tchecoslováquia estava anunciando os planadores Blanik para divulgar a indústria aeronáutica daquele país, decidiu lançar a ideia da criação de um Clube de Voo a Vela na AFA. A justificativa foi propiciar atividade de lazer aos cadetes que permaneciam na Academia nos finais de semana, diante das poucas opções oferecidas pela cidade de Pirassununga. Dessa forma, a ideia foi levada ao Maj Av João Jorge Bertoldo Glaser, Comandante do Corpo de Cadetes, que a acolheu, incumbindo o Cad Petrauskas de redigir a justificativa que seria encaminhada por meio de ofício ao Gabinete do Ministro da Aeronáutica.

Assim foi feito e já no dia 21 de outubro de 1972 foi criado o Clube de Voo a Vela da Sociedade do Corpo de Cadetes. Em dezembro do mesmo ano, foi adquirido um motoplanador Fournier RF5 que foi trasladado, nos primeiros dias de junho de 1973, pelo Ten Cel Av Fernando César de Oliveira, da CECAFA1. A chegada ocorreu em um dia normal de atividades, porém no horário do almoço, para que os cadetes pudessem apreciar. Houve uma passagem baixa sobre a pista de grama, tendo como plateia privilegiada os cadetes dos apartamentos voltados para aquele lado, que acorreram às janelas ao ouvirem o som do motor. O Cad Luiz Fernando Gouveia Limeira, também do 4º ano, foi designado coordenador do Clube que ali iniciava a sua história. O Ten Cel Fernando César e o presidente de Sociedade Acadêmica foram os primeiros a ter instrução no novo equipamento e, depois, ambos se encarregaram de transmitir o treinamento aos demais desse grupo inicial. A partir daí, foi iniciada a instrução dos cadetes que desejassem desfrutar as delícias do voo a vela e, como o Clube se destinava ao lazer dos cadetes, a participação dos oficiais na operação era proibida.

No segundo semestre de 1973 a operação do Fournier foi bem intensa, ocorrendo nos finais de semana e feriados. Uma dupla de instrutores era escalada diariamente para, após a educação física, realizar um voo de manutenção da proficiência, já que nos dias de operação somente voavam na função de instrutores. A rotina dos dias de voo consistia da retirada do avião do hangar após o horário do café da manhã e do deslocamento para a pista de grama, tendo como base de apoio a cobertura do caminhão de contra-incêndio e resgate, que ali permanecia durante todo período. Para cada dia eram escalados os instrutores que ministrariam o voo, sendo um responsável pela coordenação. A escala era feita por ordem de chegada, havendo alguns critérios de prioridade como quem já havia realizado voo anteriormente, quem já estava apto à realização de voo solo etc.

Os voos para o solo do cadete consistiam da decolagem motorizada, treinamento de manobras chandele, oito preguiçoso, parafuso e looping (com e sem motor) e de voo planado com a busca de correntes térmicas para manter-se no ar o tempo que fosse possível. Ao final, o retorno era feito com pouso com motor para familiarização de reações e atitude e, depois, era realizado tráfego e pouso em voo planado. Já os voos solo eram de trinta minutos, sendo que, no caso de o cadete encontrar condições favoráveis, poderia permanecer em voo planado por até sessenta minutos e regressar, sem o uso do motor, ao tráfego de planadores. No final do ano, os voos se destinaram ao preparo dos cadetes da turma seguinte, os próximos instrutores em 1974.

Como existia apenas uma aeronave, sua utilização era bastante intensa, fato que concorreu para que operasse durante pouco tempo. Com apenas dois anos ela teve de ser recolhida ao Parque de Aeronáutica de São Paulo para revisão geral. Nessa ocasião já era consenso no âmbito da Força Aérea Brasileira que o motoplanador não era o tipo de aeronave mais indicado para o voo a vela dos cadetes, particularmente por não assegurar aos seus usuários um pleno treinamento para a atividade, pois não permitia uma das mais importantes e típicas manobras do volovelismo: a decolagem mediante reboque. Assim, em 1975, o Ministro da Aeronáutica, Ten Brig Ar Joelmir Campos de Araripe Macedo, decidiu que a AFA receberia, em futuro próximo, os planadores a serem definidos, bem como os respectivos rebocadores, os quais viriam equipar um órgão que, sob a supervisão direta dos setores competentes da AFA, se incumbiria de proporcionar não apenas atividade de lazer aos cadetes, como, também, seria utilizado como complemento à atividade aérea estabelecida para o respectivo curso.


OS PRIMEIROS ANOS DO CLUBE DE VOO A VELA DA AFA

Assim, considerando o critério mencionado, após a análise de diversas opções e após a análise de diversas opções dez planadores Blanik fabricados na Tchecoslováquia pela empresa LET Kunovice. Para operar como rebocador, a aeronave escolhida foi o EMB 201 Ipanema, fabricada pela Embraer, e que, na época, era utilizada apenas como aeronave agrícola. Seriam adquiridas duas aeronaves que, ainda na fábrica, receberiam a indispensável adaptação para seu novo uso. Posteriormente, atendendo justificáveis ponderações do Comandante da Academia da Força Aérea, o Ministro da Aeronáutica autorizou a aquisição do terceiro Ipanema.

Tomada a decisão pelo Ministério da Aeronáutica, coube à Academia da Força Aérea adotar todas as providências para que, ainda em 1976, pudessem ter início as atividades do Clube. Em meados do mesmo ano, com as datas de entrega dos planadores e dos rebocadores definidas, a AFA deu início aos preparativos para o recebimento e funcionamento do novo órgão, que se denominaria Clube de Voo a Vela da Academia da Força Aérea e cujas atividades seriam coordenadas e supervisionadas por um oficial superior designado pelo comando da Academia.

Foto que oficializou a criação do Clube de Voo a Vela em 1973. Da esquerda para a direita: Cadete Couto – líder do Corpo de Cadetes; Cadete Petrauskas – Presidente da Sociedade Acadêmica; Brig Ar Pavan – Comandante da AFA e Cadete Gouveia – 1º Presidente do CVV.)

Em sequência, foi definida uma série de providências visando à operação do novel Clube, dentre as quais podem ser citadas:

  • designação do oficial coordenador/supervisor;
  • definição da estrutura do Clube;
  • fixação do efetivo de mecânicos que integrariam a equipe responsável pela manutenção do equipamento de voo – planadores e rebocadores;
  • elaboração dos manuais de operações e de manutenção;
  • estabelecimento de áreas de operação dos planadores;
  • estabelecimento de convênio com Clube de Voo a Vela a ser definido, para a formação inicial de pilotos e de instrutores de planador, os quais, inicialmente, seriam oficiais incumbidos de habilitar cadetes selecionados para essas funções;
  • montagem de um curso para o pessoal da manutenção dos planadores e dos rebocadores;
  • criação do uniforme do Clube, bem como seu emblema, distintivo e respectivo lema.
  • Definidas as providências a serem tomadas e o tempo indispensável à sua concretização, foi ouvido o Gabinete do Ministro da Aeronáutica e marcada a data da inauguração: 12 de novembro de 1976. Os uniformes, o distintivo e o emblema ficaram a cargo de uma comissão sob a chefia do coordenador/supervisor, que contou com elementos por ele escolhidos, inclusive cadetes. O lema foi objeto de um concurso interno realizado entre os cadetes, tendo sido escolhido o que está, desde então, em vigor: VOAR PELO PRAZER DE VOAR. Para a formação inicial de pilotos e instrutores foi feito um convênio entre a AFA e o Clube de Voo a Vela de Bauru, entidade que, na época, era considerada modelo de Clube de Voo a Vela no país.

    Concluídas as providências indispensáveis ao início das suas operações, teve lugar, no dia estabelecido, 12 de novembro de 1976, a inauguração do Clube de Voo a Vela da Academia da Força Aérea solenidade foi presidida pelo ministro da Aeronáutica, Ten Brig Ar Joelmir Campos de Araripe Macedo e contou com a presença de inúmeros convidados, destacando-se vários oficiais generais: Ten Brig Ar Deoclécio Lima de Siqueira, Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, Ten Brig Ar João Camarão Telles Ribeiro, Comandante Geral do Pessoal, Ten Brig Ar Silvio Gomes Pires, Diretor Geral do Departamento de Aviação Civil, Maj Brig Ar Clovis Pavan, Comandante do IV COMAR, e Maj Brig Ar Pedro Frazão de Medeiros Lima, Diretor do Centro Técnico Espacial, além do Presidente da Associação Brasileira de Voo a Vela e representantes dos Clubes de Voo a Vela de Bauru, São José dos Campos, Nova Iguaçu e Jundiaí. Houve formatura do Corpo de Cadetes seguida de um desfile durante o qual foram usados, pela primeira vez, os novos uniformes do Clube, os quais foram aprovados naquele dia em boletim interno da Academia.

    Em sequência, houve uma exposição dos planadores e voos panorâmicos nas novas aeronaves com alguns oficiais generais da Força Aérea, tendo o voo inaugural sido realizado pelo Ministro da Aeronáutica, Ten Brig Ar Araripe, em planador comandado pelo Maj Av Padilha, oficial coordenador/supervisor do Clube. Ao encerrar a programação, foi realizado um almoço de confraternização, reunindo cadetes e convidados no hangar sede do Clube.

    No âmbito do Clube, em face do planejamento elaborado, que estabelecia que a partir do início do ano letivo de 1977 a instrução em planador seria ministrada unicamente por cadetes, o período decorrido entre sua inauguração e o término do ano letivo foi aproveitado, prioritariamente, para a seleção e a formação dos cadetes instrutores.

    Visando ao estabelecimento de uma política de convivência com os clubes congêneres e ao intercâmbio de experiências que seriam extremamente úteis ao Clube de Voo a Vela da AFA, o Comandante da Academia, Brig Ar Clovis de Athayde Bohrer, devidamente autorizado pelo ministro da Aeronáutica, ofereceu as instalações da AFA para a realização do 19º Campeonato Brasileiro de Voo a Vela, que teria lugar no mês de janeiro de 1977. A competição foi organizada pela Associação Brasileira de Voo a Vela e levada a termo no período de 22 a 29 de janeiro de 1977.

    Mesmo não contando com condições climáticas ideais, o campeonato foi um sucesso, tendo a AFA colhido extraordinários ensinamentos com sua realização. Ao final, a Academia foi distinguida pelo Diretor Geral do Departamento de Aviação Civil com honrosa correspondência dirigida ao Comandante Geral do Pessoal com elogiosas referências à Organização pelo trabalho desenvolvido durante o evento. Deve ser registrado que, no último dia da competição, o Comandante da Academia, Brig Ar Clovis de Athayde Bohrer, tornou-se o primeiro volovelista oficial general da FAB, já que além de solar um planador conseguiu, numa feliz oportunidade, o brevê C, isto é, manter-se mais de trinta minutos no ar. Em consequência foi-lhe outorgada, pelo Departamento de Aviação Civil, a Licença de Piloto de Planador nº 1.161.

    O reinício das atividades do Clube de Voo a Vela após as férias escolares ocorreu em fevereiro de 1977, quando teve início o ano letivo, sendo nessa oportunidade incorporados à rotina do Clube os ensinamentos obtidos durante a realização do Campeonato de Voo a Vela.

    Paralelamente às atividades que determinaram sua criação e, por isto mesmo, se constituiu no principal objetivo a ser atingido – lazer para os cadetes e complemento à instrução aérea a eles proporcionada, passou o Clube de Voo a Vela a buscar um novo patamar de operacionalidade e eficiência, a fim de que viesse a se situar, na área do volovelismo, no mesmo nível das melhores entidades congêneres, o que viria permitir sua participação, com sucesso, em futuras competições.

    Com este objetivo, em um planejamento para médio e longo prazo, passou-se a cogitar da aquisição de planadores de alto rendimento, o que proporcionaria aos cadetes os indispensáveis meios para a ascensão técnica.


    A SITUAÇÃO ATUAL

    ESQUADRILHA DE VOO A VELA DA AFA

    Estrutura

    Desde sua criação, o foco do Voo a Vela na AFA sempre foi voltado para o cadete e permanece até os dias de hoje. Entretanto a atividade modernizou-se, não apenas nas aeronaves, mas, também, na doutrina e até na estrutura.

    Atualmente a Esquadrilha de Voo a Vela conta com seis oficiais supervisores na sua estrutura interna e 110 cadetes. Além desses, diversos outros oficiais participam das atividades voluntariamente, incluindo oficiais da própria AFA e oficiais superiores da reserva com notável experiência em voo a vela. A maioria deles participa como pilotos de planador e opera tanto em sede como, também, nos campeonatos. Desta forma, diferentemente do que ocorria no passado, nos dias de hoje a supervisão dos oficiais passou a ser constante nas atividades do Voo a Vela.


    Grandes mudanças ocorreram nos últimos anos no que diz respeito à finalidade do Voo a Vela na AFA. Nos últimos cinco anos ocorreu forte direcionamento para o retorno aos campeonatos nacionais e para a elevação da capacidade operacional dos cadetes, através da formação de cadetes pilotos de competição. A partir de 2014, o Clube de Voo a Vela tomou um grande vulto devido à aquisição de 10 novos planadores, elevando a complexidade de gerenciamento não só dos voos de treinamento, mas, também, da instrução básica.

    Duas mudanças significativas ocorreram no momento dessa transição. A primeira foi que o Clube de Voo a Vela deixou de ser subordinado ao Corpo de Cadetes e passou à subordinação da Divisão de Operações Aéreas (DOA), aumentando, assim, a supervisão das suas atividades. A segunda ocorreu com a implementação de uma estrutura similar a de um esquadrão de voo da FAB, com instrutores da AFA trabalhando exclusivamente no Voo a Vela.

    Este processo inicial culminou em um marco alcançado em março de 2018: a alteração na denominação de Clube de Voo a Vela (CVV) para Esquadrilha de Voo a Vela (EVV). Com isto, o objetivo de se adotar um elevado profissionalismo no voo de planadores foi fortalecido, tanto por parte dos cadetes quanto por parte dos oficiais e graduados. Esta profissionalização da atividade tem sido o principal objetivo nos dias atuais, buscando-se aproximá-la, ao máximo, do que ocorre nos Esquadrões de Voo da FAB.


    Operacionalidade

    Na parte operacional, os voos de instrução são regidos pelo Programa de Instrução e Manutenção Operacional (PIMO), composto por diversas fases. Inicialmente, o cadete realiza o pré-solo, onde aprende a realizar os exercícios básicos e a voar sozinho em horário não térmico. Esta é a principal atividade do Voo a Vela, em que o cadete realiza 20 voos antes de ser autorizado a voar sozinho pela primeira vez. Nesse sentido, é válido ressaltar que nos 43 anos da História do Voo a Vela na AFA, já foram formados 1.620 pilotos. Atualmente, a esquadrilha forma 40 pilotos básicos por ano e voa mais de 2.000 horas.

    Na sequência, inicia-se a fase de aperfeiçoamento, ocasião em que o cadete aprende a girar térmicas em segurança e a voar sozinho no horário térmico. Após essas duas fases, o cadete realiza voos de treinamento até completar 45 horas de planador, quando poderá começar a fase de adaptação à nacele traseira e, posteriormente, a de formação de instrutor. Após ganhar experiência como instrutor e ser homologado checador, o cadete está apto a iniciar a fase de navegação e se tornar um piloto de competição. Atualmente a Esquadrilha forma 20 instrutores e 10 pilotos de competição por ano.

    Devido à capacidade acrobática do TZ-20 DG1000, há um estudo de implantação de acrobacias no PIMO, mas tal fase ainda não é realizada com cadetes. Por enquanto, encontra-se em desenvolvimento apenas com os oficiais.


    Aeronaves e Equipamentos

    Com relação às aeronaves da Esquadrilha, nota-se grande evolução na capacidade dos planadores durante toda a História do Voo a Vela, principalmente nos últimos anos. Voltando ao passado, introduzido em 1976, o lendário TZ-13 Blanik foi, sem dúvida, o maior formador de pilotos de planador da EVV, tendo sido voado por gerações e gerações de militares da FAB. Após 25 anos de uso e devido ao desgaste do material, no ano de 2000, foram adquiridos quatro TZ-23 Super Blanik para substituí-los e dois Z-33 Blanik Solo para complementar a formação primária. Após oito anos, em 2008, chegaram à AFA os planadores de alta performance: três TZ-17 Duo Discus XL e quatro Z-17 Discus CS, ambos com computador de bordo embarcado e voltados para missões de navegação. Estes planadores promoveram uma atualização na doutrina e na estrutura da Esquadrilha de Voo a Vela, necessárias não apenas para dar continuidade à instrução básica, mas, também, para passar a desenvolver os voos de navegação.

    Uma diferente modernização ocorreu no ano de 2013 quando a EVV recebeu o Guincho Sky Launch 2, equipamento que consegue decolar um planador e desligá-lo a aproximadamente quinhentos metros de altura em menos de um minuto.

    A última e maior modernização da História do CVV ocorreu em 2015 com a chegada de dez TZ-20 DG1000, planador de múltiplos tipos de instrução, desde a primária, passando por manobras e acrobacias, até à navegação. Este mesmo planador é usado pela USAF na formação de seus cadetes aviadores e trouxe um grande incremento na quantidade e na qualidade da instrução dos novos pilotos de planadores da FAB.

    Além desses dez modernos planadores de instrução básica, a Esquadrilha ainda possui nove planadores de competição: quatro Z-17 Discus CS (monoplace), três TZ-17 Duo Discus XL (biplace), um Z-15 Libelle (monoplace) e um Z-20 ASW-20 (monoplace). Desta forma, a Esquadrilha hoje possui 19 planadores, sendo 10 de instrução básica e nove de competição, além de duas aeronaves rebocadoras EMB-202 Ipanema, totalizando 21 aeronaves. A Esquadrilha conta ainda com um Guincho para lançamento de planadores que se encontra em fase de testes e implantação, aguardando a construção de uma pista de grama adequada e o contrato de manutenção.

    Vale lembrar que, além do L-13 Blanik, o Voo a Vela já contou com diversos outros planadores, quais sejam: Z-16 Quero-Quero, TZ-14 Nhapecan, motoplanador Super Ximango, TZ-23 Super Blanik e Z-33 Blanik Solo.


    Campeonatos

    Desde sua criação, a EVV sempre participou de campeonatos organizados pela Federação Brasileira de Voo a Vela, em todo o território nacional. Nestes eventos, coloca-se em prática todo o aprendizado ocorrido nos voos em sede, e promove-se o intercâmbio de conhecimentos com os melhores pilotos do Brasil.

    Nos últimos anos, ocorreu um incremento nestas participações. Em 2018, a EVV competiu em Bebedouro (SP) e, em 2019, em Tatuí (SP). Ainda em 2019, a Esquadrilha realizou um deslocamento para a cidade de Araraquara (SP), a fim de realizar treinamento para voos de Navegação. Nestas missões os voos são geradores de grande aprendizado tanto para os cadetes, como para os oficiais.

    Além de participar das competições, a EVV também marca presença como principal organizadora de eventos deste tipo. O maior exemplo desse fato é a Prova AFA. Realizada anualmente desde 1981, faz parte do calendário nacional de volovelismo e tem a participação dos principais pilotos de planador do país. É uma forma de proporcionar aos cadetes volovelistas a oportunidade de aplicarem seus conhecimentos sobre o voo planado, ampliando, assim, sua cultura e experiência aeronáutica, bem como promover o congraçamento dos cadetes com os demais pilotos de planadores pertencentes ao meio civil.


    O Futuro da EVV

    No que diz respeito ao futuro do Voo a Vela na AFA, estão sendo realizados estudos no sentido de tornar o Voo a Vela uma atividade curricular para todos os cadetes aviadores. Devido ao baixo custo, à simplicidade de operação e à diversidade de conhecimentos que o Voo a Vela permite trabalhar, algumas Forças Aéreas já utilizam os planadores. Por estes motivos a FAB está estudando a possibilidade de seguir o mesmo caminho.

    Em paralelo a estes estudos, encontra-se em fase final de implantação um Simulador de Voo construído por oficiais da reserva entusiastas, apoiados por engenheiros e volovelistas de São José dos Campos. Este equipamento revolucionará todas as instruções que ocorrem no Voo a Vela. Nele será possível treinar emergências, reboque com Guincho, pré-solo, formação de instrutores, acrobacias, navegação e, inclusive, participar de competições on-line.

    Desta forma, com 21 aeronaves, Guincho, Simulador de Voo e um grupo experiente de oficiais participando das operações, a Esquadrilha de Voo a Vela vive um momento de elevado crescimento operacional, deixando de ser um Clube de Formação Básica e caminhando no sentido de tornar-se um Esquadrão Operacional, realizando diversos tipos de missões com elevado profissionalismo e segurança de voo.

    – Comissão de Estudos e Construção da Academia da Força Aérea


    Fonte: Revista Aeronáutica Nº 305 – 2019.

    Reportagem publicada neste site com autorização da Revista